sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Era para ser uma matéria e não uma sessão

Escutar primeiro essa história vai te fazer entender o porque de eu ter me deixado levar por esse universo paralelo.



“Anuncie quando chegar” , é com uma pequena placa que sou recebida no consultório da musicoterapeuta Marina Freire. No hall de entrada eu já escuto uma música, mas não vem da sala de terapia. Bato campainha e espero para me anunciar. A porta se abre, a profissional me recebe bem a vontade, de calça larga e pés no chão, não se veste de branco e nem usa brincos pequenos. Mas o jeito com que me recebe já é o suficiente para eu sentir vontade de me sentar e começar a contar a minha história, além dos meus gostos musicais.


A sala é uma mistura de “conte seus problemas” com um “entre e se divirta”. Um tapete no chão convida para um bom bate papo, as cadeiras ao redor já te faz imaginar uma discussão em grupo e os inúmeros instrumentos faz tudo aquilo ser meio encantado. Apesar de estar com uma enorme vontade de conversar e pedir por uma sessão, eu me contenho e peço para que ela me fale um pouco da sua trajetória.


Marina conta que ainda é nova no ramo, formou em 2007, mas fala com propriedade do assunto. Ela conta que desde os 14 anos ela decidiu que seria musicoterapeuta mesmo sem saber o que isso implicaria. Ao longo do anos descobriu que esse curso não existia em Belo Horizonte. Logo, ela teve que se mudar para Ribeirão Preto para realizar a sua graduação na UNAER. Já de princípio ela me avisa que para entrar nesse curso é preciso ter muita sensibilidade com a música, por não saber disso, muitos desistiram no meio do caminho. Desde cedo, Marina sempre gostou de instrumentos e já se dava bem com o violão, o teclado e o violino. Ela ainda conta que a graduação exige muito do aluno e as aulas para o aprendizado dos instrumentos já se iniciam em nível avançado.



Aos poucos, Marina vai contando da sua profissão, faz isso com muita satisfação. Ela conta que apesar de um ano apenas com o consultório no bairro Gutierrez ela já possui belas histórias. A musicoterapeuta atende desde crianças de 6 anos a velhinhos. Cada um tem um jeito e uma música própria, já fiquei pensando o que poderia cantar ou que ela pudesse cantar para mim.


Ela vai me mostrando a sala, me fala um pouco de cada utilidade dos instrumentos. Ela diz que as gavetas são os que as crianças mais gostam de mexer. Quando me permito a audácia de abrir uma delas, eu descubro o porquê desse fascínio por “gavetas”. São vários os intrumentos dentro delas, tem um em forma de jabuti e até um que parece um sapo. Eu começo sem notar a fazer alguns barulhos e batuques. Acho que sem querer ela começava uma sessão, eu realizava o seu objetivo sem perceber. Marina realiza neste sábado,23 de outubro, um workshop no qual ela busca nos clientes por meio da música a criança positiva que ela um dia foi. A correria tamanha, as obrigações, ela diz que impedem a criatividade, o bom humor , a sinceridade consigo mesmo e a música permite voltar as origens e facilita o processo de autoconhecimento.Eu, ingênua, nem precisei me inscrever no workshop, esqueci dos 60 minutos que tinha entre a aula e o estágio e me perdi em tentar combinar os instrumentos. Quando ela começou a simular uma aula para uma criança frente a mim, eu esqueci que eu era jovem e a aula era para alguém imaginário, gostei do momento, e senti o vínculo da terapia.









Um comentário:

  1. Delícia de post...adorei!
    Bem escrito, boa personagem, fotos bem feitas. Irretocável :)
    abs,

    ResponderExcluir