sábado, 6 de novembro de 2010

Ninguém pediu minha opinião

Já falei de vários personagens e abordei diferentes temas. E onde eu fico nesse blog? Sou a mediante dos assuntos e o “dedo” que escolhe as abordagens. Penso que sou muito importante, não sou?

Acho mesmo é que estou precisando de alguma terapia, melhor necessito mesmo é de musicoterapia.

Trabalho com música e até o momento não falei sobre o tema do blog como forma de trabalho.O meu estágio na empresa de um dos maiores sites de música, o Letras.mus.br . Modero o site, seleciono música, faço correções em letras e converso com pessoas que tem a mesma paixão: Música. A empresa Studio Sol é responsável por diversos sites que envolvem música, o que detém mais sucesso e conhecimento do público, é o Cifra Club, o qual disponibiliza tanto cifras quanto tablaturas de canções nacionais e internacionais. O edifício da empresa, muitos não sabem, fica em Belo Horizonte no Bairro Savassi. As instalações ocupam dois andares, fico no sexto, e agradeço por ficar ali. Gosto de barulho, sempre gostei de melodia e o sexto andar é marcado por instrutores ( responsáveis pelas vídeo aulas do Cifra Club) andando para lá e para cá, que ensaiam músicas sertanejas e logo em seguida estão gravando clássicos do rock. Tenho que confessar que a minha escolha para a publicação de reportagens aqui foi influenciada também pelo meu gosto. A minha entrevista antes de entrar nesse estágio teve como pergunta principal: Quais são os seus gostos musicais? Eu precisava ser eclética, o que não é muito difícil para mim. Deveria saber lidar com fãs que gostavam desde Restart a Nirvana. Lá, eu aprendo por meio da música, valores de aprender a respeitar os gostos por mais distintos que eles sejam. Eu precisava falar um pouco sobre o que faço e mostrar para vocês um outro modo de ver a música, como trabalho que muitas vezes é responsável por despertar uma grande paixão.

Encerro aqui os dias de apuração e publicação de reportagens. Espero que eu tenha expandido o conhecimento de vocês quanto a música. O principal objetivo desse post, na verdade, é fazer uma retrospectiva do que foi essa jornada. Espero que curtem o vídeo:

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Era para ser uma matéria e não uma sessão

Escutar primeiro essa história vai te fazer entender o porque de eu ter me deixado levar por esse universo paralelo.



“Anuncie quando chegar” , é com uma pequena placa que sou recebida no consultório da musicoterapeuta Marina Freire. No hall de entrada eu já escuto uma música, mas não vem da sala de terapia. Bato campainha e espero para me anunciar. A porta se abre, a profissional me recebe bem a vontade, de calça larga e pés no chão, não se veste de branco e nem usa brincos pequenos. Mas o jeito com que me recebe já é o suficiente para eu sentir vontade de me sentar e começar a contar a minha história, além dos meus gostos musicais.


A sala é uma mistura de “conte seus problemas” com um “entre e se divirta”. Um tapete no chão convida para um bom bate papo, as cadeiras ao redor já te faz imaginar uma discussão em grupo e os inúmeros instrumentos faz tudo aquilo ser meio encantado. Apesar de estar com uma enorme vontade de conversar e pedir por uma sessão, eu me contenho e peço para que ela me fale um pouco da sua trajetória.


Marina conta que ainda é nova no ramo, formou em 2007, mas fala com propriedade do assunto. Ela conta que desde os 14 anos ela decidiu que seria musicoterapeuta mesmo sem saber o que isso implicaria. Ao longo do anos descobriu que esse curso não existia em Belo Horizonte. Logo, ela teve que se mudar para Ribeirão Preto para realizar a sua graduação na UNAER. Já de princípio ela me avisa que para entrar nesse curso é preciso ter muita sensibilidade com a música, por não saber disso, muitos desistiram no meio do caminho. Desde cedo, Marina sempre gostou de instrumentos e já se dava bem com o violão, o teclado e o violino. Ela ainda conta que a graduação exige muito do aluno e as aulas para o aprendizado dos instrumentos já se iniciam em nível avançado.



Aos poucos, Marina vai contando da sua profissão, faz isso com muita satisfação. Ela conta que apesar de um ano apenas com o consultório no bairro Gutierrez ela já possui belas histórias. A musicoterapeuta atende desde crianças de 6 anos a velhinhos. Cada um tem um jeito e uma música própria, já fiquei pensando o que poderia cantar ou que ela pudesse cantar para mim.


Ela vai me mostrando a sala, me fala um pouco de cada utilidade dos instrumentos. Ela diz que as gavetas são os que as crianças mais gostam de mexer. Quando me permito a audácia de abrir uma delas, eu descubro o porquê desse fascínio por “gavetas”. São vários os intrumentos dentro delas, tem um em forma de jabuti e até um que parece um sapo. Eu começo sem notar a fazer alguns barulhos e batuques. Acho que sem querer ela começava uma sessão, eu realizava o seu objetivo sem perceber. Marina realiza neste sábado,23 de outubro, um workshop no qual ela busca nos clientes por meio da música a criança positiva que ela um dia foi. A correria tamanha, as obrigações, ela diz que impedem a criatividade, o bom humor , a sinceridade consigo mesmo e a música permite voltar as origens e facilita o processo de autoconhecimento.Eu, ingênua, nem precisei me inscrever no workshop, esqueci dos 60 minutos que tinha entre a aula e o estágio e me perdi em tentar combinar os instrumentos. Quando ela começou a simular uma aula para uma criança frente a mim, eu esqueci que eu era jovem e a aula era para alguém imaginário, gostei do momento, e senti o vínculo da terapia.









sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Música como instrumento de promoção política


Você sabe qual foi o candidato a deputado mais bem votado? Tenho certeza que sim, afinal, não é muito difícil ter conhecimento sobre o candidato que obteve mais de um milhão de votos. O nome dele é Francisco Everardo Oliveira Silva, popularmente conhecido pelo seu nome artístico Tiririca. Apesar de não estar mais em evidência no cenário musical, foi com suas primeiras músicas que ele se tornou conhecido em todo o Brasil.

O sucesso repentino do homem de 45 anos aconteceu nos ano de 1996. Anteriormente conhecido somente na região nordestina, Tiririca teve o seu sucesso difundido por todo o país devido ao interesse da Sony Music sobre as suas músicas. Após a compra dos seus cds por parte da gravadora, Tiririca alcançou a todos com seus poucos sucessos. O primeiro deles foi Fiorentina e mais tarde veio eu Eu sou corno, apesar dos poucos hits emplacados, o tempo foi o necessário para o personagem não ser esquecido.

Mas vamos para o ponto que interessa, o que a música tem a ver com sua eleição? Muitos alegam que a vitória de Tiririca veio do seu humor ao retratar o assunto como política. Contudo, como o Tiririca existem vários outros candidatos que ironizam o processo eleitoral e a política, nem por isso recebem mais que 500 votos.
De bordões a campanha está cheia, e nem por isso, destaques assim são revelados.
A imagem e o seu respectivo jingle ficou em tamanha evidência pelo simples fato de que seu rosto já era previamente conhecido. As suas músicas já foram sucessos, e ele já foi um rostinho conhecido, por isso que a candidatura ganhou espaço em todos os suportes.

Tiririca não é o único do cenário musical que quis se integrar a política. Frank Aguiar é um outro exemplo bem sucedido nesta área, já foi eleito a Deputado Federal, pelo estado de São Paulo e na última eleição municipal tornou o vice-prefeito da cidade de São Bernardo do Campo. Mas o exemplo de homem com tamanha aprovação dentro do período eleitoral ele é quase singular já que ele é líder da lista de deputado mais bem votado. Não como ele, outros candidatos a partir do seu prévio reconhecimento devido a musica, também tentaram uma cadeira, mas a maioria deles não conseguiram. Exemplo disso são nomes como Kiko e Leandro, Regilna Rossi, Netinho e até Tati Boladona. Cada qual apelou para o seu público já cativo de suas músicas.

A divulgação dos propósitos do candidato para uma possível eleição também são ressaltados por meio da música, os chamados “jingles”. Como já é de se esperar a voz que leva os possíveis planos de governo através das melodias, são dos próprios artistas que são candidatos. O jingle do Tiririca é um tanto humorístico, já os irmãos do KLB apostaram em uma só bandeira e um só hit para defender a campanha deles e há até o funk da autora de Boladona.


Escute aqui músicas de artistas que estiverem na eleições de 2010

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Muito bem acompanhados.

A música tem diversas funções, como eu prometi mostrar para vocês. Mas tem uma que é peculiar a ela. Elas fazem companhia para milhares de pessoas e pode ser até ao mesmo tempo. Curioso? Mas é a pura verdade, talvez uma garota ponha para tocar Lady Gaga enquanto está tomando banho, já outra, no mesmo momento, escuta a mesma artista e o mesmo som enquanto se arruma para sair. Música que serve para acordar ou para fazer dormir. Pelo Ipod, Mp3, violão, rádio, internet, fone ou pela vitrola. Na praia, no carro, no ônibus, no quarto e na rua. Ou se cria tempo para ela, ou escuta ela dentro do tempo que se tem: enquanto trabalha. Útil ao agradável, muitas pessoas utilizam da música para se distrair enquanto fazem algo muito cansativo, para sair do tédio e até mesmo para se “libertar”. Algumas letras curam até dor de cotovelo, outras fazem ainda ficarmos mais amargurados. E se não tem ninguém em casa, a gente aumenta o volume, se tem muita gente e parece não ter ninguém, a gente coloca o fone.Para toda forma de estar, uma canção.

Entrevistei muita gente para fazer um levantamento de qual o momento que a música é mais oportuna e agradável para se ouvir . Percebi que não importa o Estado ou o país, as utilidades são as mesmas. Aqui vão alguns exemplos de situações:

  • · Dentro do carro
  • · Dentro do ônibus
  • · Enquanto navega pela internet
  • · Estado de humor: Triste
  • · Estado de humor: alegre
  • · Hora de sair
  • · Hora de estudar
  • · Hora do banho
  • · Hora de cozinhar
  • · Hora de trabalhar
  • · Enquanto viaja
  • · Toda hora

Leia alguns depoimentos interessantes a respeito da companhia necessária da música e as respectivas preferências dos ouvintes:


Enquanto trabalha:

"Como eu trabalho com musica é uma obrigação escutar os mais diversos estilos, aquelas que eu gosto e as que eu não gosto também por obrigação de trabalho mesmo. Mas mesmo assim quando estou escrevendo algo ou fazendo alguma coisa simples de trabalho, pode parecer curioso, mas sempre também escuto algumas musicas só que nos estilos que gosto (jazz musica brasileira, rock ingles). Acho que sou privilegiado porque na empresa que trabalho é permitido escutar música, até porque, ela faz bem."

Patrick Blancos França, 24 anos

Musico


Enquanto viaja :

"É um costume. Escuto música durante as minhas viagens porque necessito. Tenho medo das viagens, estradas movimentadas, turbulências, entre outras características. Sim, sou medrosa. Confesso. Mas vamos ao que interessa. Música me envolve num outro mundo. As letras acabam me transportando pra história que os compositores contam. Sabe? Gosto de escutar as músicas que vou cantar, sempre ouço meu repertório pra aprender mais, caprichar nos detalhes. Sou hiperativa, ansiosa e elétrica. Aí, ouço músicas calmas, isso me traz paz e eu consigo por alguns instantes ficar mais calma. Hehe. É verdade. Ah, a música sempre me ajuda. Durante as viagens, durante tudo. Ouça música e seja feliz!"

Paulla Mirella Teixeira e Silva, 21 anos

Cantora e jornalista.


Dentro do carro

"Eu não consigo dirigir sem música. Nossa, foi até engraçado, esse ano a frente do meu som estragou, o pininho que segura ele. Como estava sem tempo de trocar, eu tive que colocar até durex para dar para eu escutar música. Gosto de ouvir músicas na rádio, pela diversidade das músicas eu prefiro o rádio, porque muitas vezes a música que toca lá não tem nos meus CDs. Eu gosto muito de rock’roll, por isso gravo CD’s porque é o que menos toca nas rádios, é muito bom para enfrentar o trânsito."

Liliane Corrêa Jornalista, 40 anos

Jornalista / Editora do Jornal Aqui BH


Enquanto cozinho

"Eu escuto música quando estou cozinhando porque uma forma de juntar o útil ao agradável. Na verdade eu escuto música fazendo tudo, arrumando casa, tomando banho. É uma forma de otimizar o tempo, você está fazendo uma obrigação e um lazer ao mesmo tempo. Escuto rádio, gosto de tudo, de menos funk. Como escuto com minha filha, a gente vai alternando: uma hora na rádio que eu gosto, outra hora na que ela gosta. Começo dançar, faço tudo, depende do meu humor, se eu estou triste, eu canto que canto mesmo, se estou feliz, danço, faço até pirueta. Ouvindo música eu me transformo, adoro, a música me emociona."

Elizabeth Ferreira Alves, 32 anos

Auxiliar Administrativa - Puc Minas


Para qualquer crença ou estado de espírito:

"Amo música, é algo muito importante pra mim. Como nasci em um lar evangélico, desde sempre tive contato com a música (as igrejas costumam ter um ministério de louvor - pra vocês é como se fosse uma banda).Ouço e 'faço' música com o objetivo de adorar a Deus. Como penso que devo adorar a Deus em todo tempo, sempre estou ouvindo música. Essa combinação de música e adoração, me traz alegria, ânimo, paz, reflexão... enfim, muitas sensações e reações dependendo da música em si e do momento. O 'estilo' das músicas que gosto é denominado de 'louvor e adoração', são músicas evangélicas com letras quase sempre tiradas/inspiradas da/na bíblia ou que expressam nossa fé ou sentimento. Na verdade, essa 'modalidade' engloba vários estilos, desde bossa nova até rock do mais pesado, tem música pra gregos e troianos. Particularmente, prefiro as músicas internacionais. Ouço quando estudo, quando o computador estar ligado, na igreja, no ônibus... diria que a maior parte das horas de um dia."

Rafael Junio Abreu, 19 anos

Matemática Computacional - UFMG


Música para toda hora:

Escuto música toda hora e sou bem eclético. Escuto de tudo, seja quando eu estou sozinho em casa ou acompanhado, escutar musica pra mim é uma questão de estado de espírito, para mim é uma troca de energia. Se eu estou apaixonado escuto sertanejo, já no dia a dia escuto músicas mais tranqüilas, quando não há sentimento especial eu escuto rock. Acho que rock é meu estilo "favorito", mas depende, se é uma sexta feira a noite e estou me arrumando pra alguma balada ouço uma house. uma musica eletrônica, pra esquentar. Mas as vezes é o contrário ao invés de eu me sentir de uma forma e colocar a musica pra corresponder àquilo, eu coloco uma musica que me transmita o que ela em si representa sabe? Se quero ficar mais tranqilo, dar uma acalmada..coloco uma musica clássica, um reggaezinho. Música me deixa melhor.

Thiago Tristão Nunes Lopes, 20 anos

Estudante



terça-feira, 7 de setembro de 2010

A música capaz de fazer alguém gostar de física

Foco: Função didática

Personagem Principal: José Inácio da Silva Pereira

( “Professor Pachecão”)

Localidade: Belo Horizonte


As “aulas show” foram muito conhecidas nacionalmente ilustradas pelo professor Pachecão. O mineiro levou seu exemplo bem sucedido do uso da música dentro do ensino para vários programas globais como Jô Soares e Xuxa. Pachecão ainda atou como ator, contudo a vida da telinhas imitava a vida real, o seu papel era de um professor que através de suas músicas ensinava, exatamente como era a sua rotina. Gravou um disco chamado "Odeio física" com algumas de suas composições que usava dentro da sala de aula e vendeu 70 mil cópias com os seus sucessos. Além disso, ele fez vários shows em diversas localidades , e chegou a dar aula em 5 estados durante uma mesma semana, mas toda esse sucesso só aconteceu graças ao agrado quase unanime do seu modo de dar aula inicialmente no colégio Champagnat.

Morador de Laranjal, dotado de grandes sonhos, ele não imaginava que faria algo que se destacasse dessa maneira. Aprendeu a tocar violão apenas para chamar atenção de uma antiga pretendente, mas foi através deste instrumento que conseguiu chamar a atenção da sua primeira turma. Ele foi convidado para substituir um professor de física e somente para efeito de “sossegar” a turma ele cantou uma música. Os alunos gostaram e a partir desse momento, um aluno o pediu para que cantasse uma música sempre que entrasse na sala de aula. Um pouco depois de ter começado a dar aulas de física o seu repertório acabou e ele começou a adaptar músicas de seus ídolos ao conteúdo da física.

A experiência pessoal do Professor Pachecão faz ele afirmar que a música é um meio eficaz para chamar o aluno a conhecer uma disciplina. De Laranjal para as salas de aula, o professor de física conseguiu fazer muitos alunos que não gostavam de física pelo menos aceitá-la e tentar compreende-la. Ele afirma que há muitos jovens que não suportam ouvir nem o nome da matéria, tem outros que aceitam , já outros acham que gostam e ainda alguns que tem orgasmos com as explicações. Mas ele ainda diz que o resultado do uso da música na educação é geral e veio de forma concreta: “ Eu fui testado pelo diretor, tinha muitos professores que reclamavam e ele ficava de olho nas provas, e as notas estavam mesmo melhorando muito.” O segredo seria falar a linguagem do jovem e a música hoje, independente do seu ritmo, agrada a todos e é além de tudo uma forma de interação com os alunos. Ele canta suas musicas de acordo com o nível de dificuldade das matérias, quanto mais difícil o conteúdo, mais vezes eram cantadas as canções.

Ele não ignora a parcela de educadores que não concordam com essa lógica de ensino: “Muitos professores reclamavam do barulho das aulas e iam contar para o diretor” . Mas ele disse que não havia como escapar da idéia de que a música atraia os alunos e tornavam as aulas ainda mais produtivas.O personagem ainda conta que tem o lado oposto também, ele diz que muita gente seguiu o seu modelo e hoje ele sabe de casos espalhados por todo o Brasil, de professores que pegaram canções e colocaram nela o conteúdo de disciplinas como Matemática, Biologia, entre outros exemplos.

Assista à um vídeo exclusivo do Professor Pachecão dando uma palinha de uma de suas músicas

Conheça mais letras do Professor Pachecão


Música sem fronteiras

Vai do pancadão à bossa nova, não importa, o fato de gostarmos de música é indiscutível. O Brasil não discute gosto, os ritmos se misturam nas festas e as música se encaixam na nossa rotina. A música é usada para variadas funções, ela está em qualquer cantinho de qualquer lugar.. Tem música para terapia, para te fazer aceitar a física, para te relaxar na volta do trabalho e até para se viver dela. Tem gente que gosta de ouvi – la baixinho, outros preferem os artistas preferidos “no talo” e para outros o volume alto é coisa que incomoda. O fone de ouvido foi uma evolução, já que com ele é possível ouvir em qualquer canto, seja no ônibus, na rua ou até mesmo enquanto estuda ou trabalha. Mas isso não exclui situações como ligar o radinho em casa, seja movido à pilha ou a energia, no carro ou no computador. A difusão dos sons vem de forma assustadora. Seja instrumental ou com letra. Internacional ou nacional. Ela faz sucesso, seja importada ou daqui mesmo, de grandes “nomes” ou de bandas independentes.



O blog tem o objetivo de reparar um pouco mais sobre as diversas manifestações da música na sociedade. Será levada em consideração sugestões e boas curiosidades.

domingo, 22 de agosto de 2010

EX-CATADOR TRANSFORMA SUCATA EM ARTE

Morador do Morro das Pedras, Robinho utiliza sucata para fabricar suas esculturas e adornos. A infância difícil não o impediu de conquistar o sonho de ter seu próprio negócio

Em sua loja, que também é ateliê, o artista plástico de 36 anos cria mais uma de suas esculturas feitas de sucata

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PAULA HOELZLE,

CÍNTHIA RAMALHO,

BRUNA FONSECA,

PERÍODO

Ao chegar à Avenida Silva Lobo, no Bairro Grajaú, mesmo sem placa não é difícil encontrar a pequena loja de Robson Costa, 36 anos, artista plástico e morador do Morro das Pedras. Basta perguntar para qualquer pessoa da região pelo"Robinho" ou "Zoião" e a resposta é unânime: "o homem do ferro? É logo ali, em frente à PM". Do lado oposto da calçada do 22° Batalhão da Polícia Militar, é possível ver no alto de um galpão de paredes cor de rosa, já descascadas, uma grande e colorida borboleta de ferro que não deixa dúvidas de que se trata da "Príncipe dos Adornos", a loja de Robson, que também funciona como ateliê. É lá dentro que ele usa a sua criatividade, característica presente desde a infância, para transformar as sucatas recolhidas de ferros velhos em grandes obras de arte. Em um velho pistão Robson enxergou um boneco. "Quando eu olhei pela primeira vez percebi de cara um nariz", conta. E do pé de uma máquina de costura antiga surgiu uma árvore. Porém, sua fama não vem apenas do trabalho como escultor, mas também de seu envolvimento com outras formas de cultura, como a música e a capoeira. "Eu tinha uma banda de hip hop e percussão, chamava ‘Show do Preto’, durou nove anos, mas acabou ano passado, por causa da falta de tempo", explica Robson.

TRAJETÓRIA O pouco tempo para a música se justifica, afinal, o artista recebe encomendas de vários buffets de Belo Horizonte, que utilizamos adornos produzidos por Robson para inovar a decoração de festas, sempre que os clientes exigem algo diferente. Além disso, o escultor é constantemente procurado para ajudar outros profissionais que não dominam as técnicas de manuseio de metais."Têm muitos artistas que me procuram porque não entendem da parte do ferro. Há um tempo fiz um trabalho com o Alexandre Braga , ele fez os desenhos e eu entrei com a ferragem", conta o escultor. A vida de Robson, entretanto, nem sempre foi assim. Quando tinha apenas dois anos, seu pai morreu em consequência do alcoolismo, deixando a mulher e os três filhos. Aos 10, começou a trabalhar catando latas na rua, depois como lavador de carros. O primeiro trabalho, em uma serralheria, foi aos 14 anos, varrendo a oficina. "Sempre morei na favela, sempre vi violência, drogas, mas nunca me interessei, sempre trabalhei desde pequenininho", diz o artista. Quando criança, Robson gostava de desenhar e inventar brinquedos. Logo que completou 17 anos, começou a trabalhar na serralheria artística "Fermetal", onde aprendeu a fazer oratórios no estilo barroco. Seu primeiro contato com aulas de arte se deu em um curso oferecido pela prefeitura da capital mineira. Ao longo do tempo, aperfeiçoou a técnica e adquiriu experiência em várias oficinas de Belo Horizonte. Há três anos, Robson Costa abriu sua própria loja de onde tira por mês cerca de R$ 3 mil. "Meu trabalho significa tudo para mim, pois é de onde eu tiro meu sustento, crio meus meninos e educo eles", afirma o escultor, que é casado e tem quatro filhos. Enquanto trabalha em uma nova peça, Robson não esconde a vontade de que os filhos se interessem pelo ofício de escultor. Olhando as fotos das crianças em um quadro, feito do mesmo material das esculturas que o tornou conhecido, o artista diz que só espera o filho mais velho completar 12 anos, para começar a trabalhar em seu ateliê. "Meu filho vai trabalhar meio período comigo, porque a escola é muito importante", explica. Robson, ou melhor, Robinho, já expôs seu trabalho no Parque Estrela D´Alva, no Parque Lagoa do Nado, na Casa do Conde e no Centro de Cultura da Prefeitura.Além disso, foi uns dos personagens do livro "Favela é Isso Aí", que conta a história de vários artistas que atuam nas favelas de Belo Horizonte, lançado pela equipe da ONG que leva o mesmo nome.

PROJETOS O mais novo plano do artista é poder ensinar aos jovens da periferia a arte das esculturas de sucata. Para isso, com a ajuda do também artista plástico Alexandre Braga, criou um projeto intitulado "Oficina de Artes" que não pôde ser realizado já que não conseguiu o apoio da Lei de Incentivo à Cultura. Sobre ensinar suas técnicas, ele explica: "tem que ter leveza, um carinho, às vezes é melhor ensinar uma criança do que um adulto que já mexe com solda, máquina, porque eles não tem delicadeza". Quando questionado sobre sua inspiração, responde de maneira simples, "está em tudo o que eu vejo", e afirma ser fã de Oscar Niemeyer e do poeta Saíde de Oliveira. Robson agora tem objetivo de ampliar sua oficina para ensinar a outras pessoas seu trabalho e dar a elas a oportunidade que a vida lhe deu. "Batalhei muito para ter o que eu tenho, mas, nunca pensei que meu trabalho fosse tomar essa dimensão. Eu só procurei fazer o melhor", afirma Robinho.


Veja também:

Outras reportagens da edição 272 do Jornal Marco